Neoclassicismo


Na segunda metade do século XVIII e nas primeiras décadas do XIX, voltou-se a valorizar em toda Europa o ideal clássico da clareza e harmonia como reação contra os excessos do rococó. A França mais uma vez seria a origem desse retorno aos modelos da antiguidade, que se distinguiu dos anteriores por um maior conhecimento do mundo greco-romano. Isso deveu-se sobretudo às escavações arqueológicas de Pompéia e Herculano, às pesquisas do historiador alemão Johann Winckelmann sobre a arte grega e aos desenhos de ruínas dos italianos Giovanni Paolo Panini e Giambattista Piranesi.

Na França, por volta de 1760, o arquiteto Jacques Germain Soufflot recorreu aos elementos clássicos para construir a monumental igreja de Sainte-Geneviève de Paris, mais tarde o Panteão. Esse neoclassicismo arquitetônico, severo, de volumes simples e clássicos, estendeu-se por toda Europa: na Rússia, o "estilo Catarina II" teve como grande expoente o Palácio de Inverno de São Petersburgo; na Espanha, sobressaíram Ventura Rodríguez e Juan de Villanueva; e, na Alemanha, K. G. Langhans ergueu a monumental Porta de Brandemburgo, em Berlim.

A escultura foi uma das mais notáveis manifestações do neoclassicismo, graças ao italiano Antonio Canova e ao dinamarquês Bertel Thorwaldsen, que preferiram a brancura do mármore à policromia, pois acreditaram, erroneamente, que toda escultura clássica era branca. A serenidade e o equilíbrio desses grandes artistas foram uma fiel recriação dos modelos gregos do século V a.C.

Na pintura, o grande mestre foi o francês Jacques-Louis David, que se inspirou na antiguidade para suas representações pictóricas teatrais, de grande austeridade e harmonia, cujos ensinamentos morais eram inspirados na ética dos heróis clássicos, como "O juramento dos Horácios". Com Napoleão Bonaparte, David converteu-se em pintor oficial dos fastos do império, para propaganda e exaltação do imperador ("Coroação de Napoleão I em Notre-Dame"). O final dessa corrente pictórica contou com outro francês, Ingres, defensor da primazia do desenho.

A literatura do século XVIII, como ocorrera no Renascimento, fez do ser humano a medida de todas as coisas. Apareceu a figura do "ilustrado", racionalista e empírico, erudito e crítico, voltado para a natureza e para o homem, preocupado com o saber, que tinha uma grande relação com a figura do humanista da Renascença. Os ideais românticos, porém, com sua ênfase em uma maior imaginação e na noção do "gênio" em oposição ao mero intelecto, subverteram, já no final do século, as concepções neoclássicas. Dessa forma, o alemão Johann Wolfgang Goethe, admirador do mundo grego e expoente máximo do "classicismo de Weimar", conseguiu, em suas obras, conciliar a razão com o sentimento.

Também a música conheceu um período classicista, iniciado no final do século XVIII, após a morte de Johann Sebastian Bach, e que se estendeu aproximadamente até 1830, quando foi substituído pelo romantismo. Viena tornou-se a capital musical da Europa. Buscava-se uma linguagem harmônica distante das formas polifônicas barrocas, na qual predominasse o equilíbrio, a serenidade e a alegria. Sua expressão mais freqüente foram a sonata e a sinfonia. O apogeu desse movimento viu-se marcado pela supremacia da escola alemã, com Haydn e Mozart.

Ao longo dos séculos XIX e XX, os sucessivos movimentos artísticos levaram a uma ruptura com a noção "acadêmica" de criação, que implicava a sujeição a determinados preceitos. Isso não significou, no entanto, o desaparecimento dos ideais greco-romanos, que sobreviveram até hoje em todos os artistas que dão ênfase à harmonia formal, ao equilíbrio e à captação intelectual do mundo.

Veja também:
Antiguidade Clássica
Classicismo Francês
Renascimento

     
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