Historiografia Moderna


A recuperação do passado greco-romano pelo Renascimento possibilitou uma secularização dos historiadores, que se afastaram da teologia em seus estudos, embora tenham recebido o conteúdo moralizante dos autores latinos, tal como aparece em Maquiavel, Francesco Guicciardini ou Jean Bodin. O conceito da antiguidade clássica como idade de ouro predominou na idéia dos ciclos históricos e alimentou um extraordinário gosto pelas coisas antigas. Lorenzo Valla e Jerónimo de Zurita y Castro realizaram estudos históricos mais rigorosos, por verificarem as fontes, e, como conseqüência do descobrimento do Novo Mundo, alguns historiadores ampliaram o estudo das sociedades humanas (Bartolomé de Las Casas, Bernal Díaz Del Castillo, Pedro de Cieza de León etc.). As disputas entre católicos e protestantes também foram enriquecedoras, pois apresentaram novos argumentos baseados em fontes históricas utilizadas pela primeira vez, como os arquivos do Vaticano (os Annales ecclesiastici católicos em oposição às Centúrias de Magdeburgo protestantes).

A pesquisa histórica sobre os gregos prosseguiu nos séculos XVII e XVIII, revelando interesse também pela história escrita no Oriente. A crítica textual de documentos ofereceu novo material crítico.

Voltaire publicou as primeiras obras historiográficas modernas, entre elas Le Siècle de Louis XIV (1751; O século de Luís XIV), reagindo contra o uso da história como mero registro de acontecimentos políticos. A revolução francesa levou à criação do primeiro arquivo histórico nacional, permitiu acesso à documentação da nobreza e da igreja e propiciou o nascimento do nacionalismo histórico. A esse nacionalismo uniu-se o culto da Idade Média pelos historiadores do romantismo, como Jules Michelet ou François Guizot. O século XIX assistiu ao crescente desenvolvimento da historiografia alemã. Com Wilhelm von Humboldt, a Universidade de Berlim, criada em 1810, transformou-se na grande instituição para os estudos históricos, que se desenvolveram também nos outros países europeus e na América, até se conseguir uma grande pluralidade de opções e um aperfeiçoamento notável das técnicas de pesquisa histórica.

Ao longo do século XIX, chamado "o século da história", os países europeus fomentaram o estudo e o ensino da história, ao compreender a importância dessa disciplina para a formação do sentimento nacional. Os governos utilizaram documentos e pesquisas históricas para justificar reivindicações territoriais ou aspirações hegemônicas. A formação metodológica passou a ser a característica fundamental do professor e do pesquisador da história. A figura do historiador profissional estendeu-se da Alemanha aos demais países da Europa, aos Estados Unidos, à América Latina e a outras partes do mundo.

Do último terço do século XIX à segunda década do século XX desenvolveu-se a tendência positivista no campo da historiografia. Seguindo métodos racionalistas, os historiadores concentraram-se na realização de sínteses históricas que permitiam integrar em perspectivas de caráter geral a análise de extensas documentações. O estudo da história cindiu-se em várias ramificações (história geral, econômica, social, cultural etc.) e os fatores econômicos e quantitativos, freqüentemente analisados a partir das premissas do marxismo, ganharam espaço cada vez maior nos trabalhos históricos, sobretudo na segunda metade do século XX. O intercâmbio bibliográfico, os congressos internacionais, a publicação de revistas e os trabalhos de colaboração entre diversos países contribuíram para aproximar as propostas metodológicas das escolas historiográficas nacionais.

Veja também:
Historiografia no Brasil

     
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