Doutrinas sobre o Conhecimento


Diante da possibilidade do conhecimento, existem duas posições extremas e antagônicas: o ceticismo, que defende a impossibilidade de conhecer o real, e o dogmatismo, que sustenta que em todos os casos é possível conhecer as coisas tais como são. Entre essas posições extremas encontram-se os céticos moderados e dogmáticos moderados. Os céticos moderados afirmam a existência de limites ao conhecimento, impostos pela constituição psicológica do sujeito e pelos condicionamentos de seu meio, o que os leva a defender ocasionalmente posições probabilistas, fundamentadas na dúvida. Os dogmáticos moderados defendem a possibilidade do conhecimento, desde que se cumpram algumas condições.

Quanto aos fundamentos do saber, confrontam-se as posições empirista e a racionalista. Para os filósofos de orientação empirista, a base do conhecimento se encontra na realidade sensível. No extremo oposto, os racionalistas defendem o caráter real das entidades conceituais. Modernamente, o racionalismo identifica realidade e racionalidade, o que elimina toda idéia que subordine o saber à experiência sensível.

O primeiro grande filósofo a abordar o estudo do conhecimento de maneira sistemática foi o francês René Descartes, no século XVII. Descartes tencionou descobrir um fundamento do conhecimento independente de limites e hipóteses. Para ele, conhecer é partir de uma proposição evidente, que se apóia numa intuição primária. Formulou tal proposição na célebre sentença "penso, logo existo".

Kant negou que a realidade possa ser explicada somente pelos conceitos e se propôs determinar os limites e capacidades da razão. Embora existam efetivamente juízos sintéticos a priori, que são a condição necessária a toda compreensão da natureza, o âmbito do conhecimento limita-se, no pensamento de Kant, ao reino da experiência.

Para o empirismo, que influiu significativamente nas primeiras formulações de Kant, a realidade sensível é o fundamento para o conhecimento não só de todas as entidades que possam impressionar nossos sentidos, mas também das entidades não sensíveis, as idéias. Segundo John Locke, representante moderado do empirismo inglês, as impressões da sensibilidade formam apenas a base primária do conhecimento. David Hume e alguns autores neopositivistas posteriores consideraram, ao contrário, que as noções das ciências não são empíricas nem conceituais, mas formais e, portanto, vazias de conhecimento.

Para alguns empiristas, existem outras experiências além da sensível, como a experiência histórica, a experiência intelectual etc. Para os precursores dessa formulação, Friedrich Nietzsche e Wilhelm Dilthey, que dificilmente poderiam ser considerados empiristas, o termo "experiência" é entendido em sentido mais amplo. Dentro dessa linha do empirismo, os autores mais representativos são o alemão Martin Heidegger e o francês Jean-Paul Sartre, que defenderam posturas existencialistas; os americanos John Dewey e William James, de orientação pragmática; e o espanhol José Ortega y Gasset, que manteve a postura por ele chamada raciovitalismo, na qual vida e razão constituem os dois pólos da concepção do mundo.

Veja também:
Conhecimento Científico

     
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