Conhecimento Científico


A epistemologia foi entendida tradicionalmente como teoria do conhecimento em geral. No século XX, no entanto, os filósofos se interessaram principalmente por construir uma filosofia da ciência, na suposição de que, ao formular teorias adequadas ao conhecimento científico, poderiam avançar pela mesma via na solução de problemas gnosiológicos mais gerais.

A elaboração de uma epistemologia desse tipo constituiu a preocupação principal dos autores do Círculo de Viena, que foram o germe de todo o movimento do empirismo ou positivismo lógico. Esses pensadores tentaram construir um sistema unitário de saber e conhecimento, para o que se requeria a unificação da linguagem e da metodologia das diferentes ciências. A linguagem única deveria ser intersubjetiva -- o que exige a utilização de convenções formais e de uma semântica comum -- e universal, ou seja, qualquer proposição deveria poder ser traduzida para ela.

O alemão Rudolf Carnap e o austríaco Otto Neurath, pertencentes ao Círculo de Viena, consideraram que a física era essa linguagem, razão pela qual sua teoria denomina-se fisicalismo. O fisicalismo foi entendido mais adiante como um sistema de propriedades e relações observáveis das coisas, o que equivale a dizer que todos os enunciados sobre quaisquer fatos podem ser traduzidos em enunciados sobre estados ou processos do mundo físico. Evidentemente, existem alguns conceitos, como essência ou enteléquia, que não podem ser transpostos para o mundo físico e, portanto, não são admissíveis na ciência. Ser real significa sempre ver-se numa relação com a realidade dada. As proposições metafísicas careceriam, assim, de significado.

É possível, no entanto, formular a hipótese da existência de uma realidade independente de nossa experiência e indicar critérios para sua transposição para a realidade sensível, já que uma afirmação de existência implica enunciados perceptivos. Não existe possibilidade de decisão a respeito de uma realidade ou idealidade absolutas. Isso seria, segundo palavras de Carnap, um pseudoproblema. Todas as formas epistemológicas da tradição filosófica inspiradas em posições metafísicas -- o idealismo e o realismo metafísico, o fenomenalismo, o solipsismo etc. -- estariam assim fora do âmbito do conhecimento empírico, uma vez que tentam responder a uma pergunta impossível.

Veja também:
Doutrinas sobre o Conhecimento

     
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