Xenófanes de Cólofon
É a primeira pessoa conhecida a utilizar a observação de fósseis como evidência para a teoria da história da Terra. Ele verificou a existência de fósseis de peixes e conchas em localidades distantes da costa marinha, chegando a conclusão que tais locais em outras épocas estavam embaixo da água[1] e foram fundo de mares.[2] Da sua obra restaram uma centena de versos. A sua concepção filosófica destaca-se pelo combate ao antropomorfismo, afirmando que se os animais tivessem o dom da pintura, representariam os seus deuses em forma de animais, ou seja, à sua própria imagem.
As suas críticas à religião não tinham como objectivo um ataque pleno à dita mas, "dar ao divino uma pura e elevada ideia: o verdadeiro deus é único, com poder absoluto, clarividência perfeita, justiça infalível, majestada imóvel; que em pouco se assemelha aos deuses homéricos sempre a deambular pelo mundo sob o império das paixões", ou seja: só existe um deus único, em nada semelhante aos homens, que é eterno, não-gerado, imóvel e puro. Índice Como poeta nômade, tornou-se através de suas viagens um homem muito instruído, que sabia interrogar e narrar. A aceitar a veracidade de seus versos, Xenófanes viveu noventa e dois anos, como ele mesmo transcreve nesse trecho: “Já sessenta e sete anos se passaram; Fazendo vagar meu pensamento pela terra da Hélade; De meu nascimento até então vinte e cinco a mais; Se é que eu sei falar com verdade sobre isso.” Xenófanes e a mitologia grega “Tudo aos deuses atribuíram Homero e Hesíodo, Tudo quanto entre os homens merece repulsa e censura, Roubo, adultério e fraude mútua." Xenófanes atacava a imoralidade dos deuses e deusas da mitologia grega, ridicularizava a crença na transmigração da alma e condenava a luxúria. Defendia a sabedoria e os prazeres sociais sem excesso. “É de louvar-se o homem que, bebendo, revela atos nobres Como a memória que tem e o desejo de virtude. Sem nada falar de Titãs, nem de Gigantes, Nem de Centauros, ficções criadas pelos antigos. Ou de lutas civis violentas, nas quais nada há de útil. Ter sempre veneração pelos deuses, isto é bom.” A Teologia de Xenófanes Aristóteles em seu livro Metafísica, nos relata: “Pois Parmênides parece referir-se ao Um segundo o conceito, e Melisso ao Um segundo a matéria. Por isso aquele diz que o Um é limitado, e este, que é ilimitado. Xenófanes, o primeiro a postular a unidade, nada esclareceu, nem parece que vislumbrou nenhuma dessas duas naturezas, mas, dirigindo o olhar a todo o céu, diz que o Um é o Deus.” Consequentemente, o conceito Deus é então criado por Xenófanes como sendo um ser mais alto, com uma identidade abstrata, e não possui nenhum atributo conhecido pelos homens, e tão pouco é semelhante a estes - nem quanto à figura, nem quanto ao espírito. A respeito disso, Clemente de Alexandria, em sua obra Tapeçarias, reproduz essa estrofe também atribuída a Xenófanes: “Mas se mãos tivessem os bois, os cavalos e os leões E pudessem com as mãos desenhar e criar obras como os homens, Os cavalos semelhantes aos cavalos, os bois semelhantes aos bois, Desenhariam as formas dos deuses e os corpos fariam Tais quais eles próprios têm.” |