Universidade


Órgão máximo do sistema educacional regular de um país, a universidade tem a dupla função de preservar e renovar a cultura nacional e universal. Assim, de acordo com o contexto em que se situa, pode ser uma força conservadora ou de transformação da sociedade.

Universidade é uma instituição de ensino superior que, em geral, compreende faculdades ou escolas em número variável, agrupadas em escolas profissionais e centros de ciências humanas, sociais e científico-tecnológicas, com autoridade para conferir títulos de graduação e pós-graduação. Centro difusor dos valores da cultura nacional e universal, a universidade tem, além das atividades propriamente educativas, a de realizar tarefas de pesquisa pura e aplicada de grande abrangência.

História

A universidade moderna originou-se das escolas medievais conhecidas como studia generalia (no singular, studium generale), organismos de ensino criados para suprir as deficiências das escolas catedrais e monásticas, que só preparavam os alunos para a carreira religiosa. Abertos a estudantes de todas as partes da Europa, que depois de formados podiam exercer o magistério em qualquer lugar, os studia generalia funcionavam por autorização de autoridades civis e eclesiásticas. As primeiras, do século XI, foram a de Salerno, que se celebrizou como escola de medicina, e a de Bolonha, famoso centro de estudos jurídicos.

Os estudantes e professores estrangeiros que freqüentavam os studia generalia formaram, para proteção mútua, sociedades que receberam o nome de universitas. Ofereciam moradia e alimentação baratos e eram presididas por uma autoridade comum, o rector scholariorum, eleito pelos alunos e mestres. No século XIV, a palavra universidade passou a designar uma comunidade de mestres e alunos reconhecida pela autoridade civil ou eclesiástica.

As universidades tinham liberdade de atuação desde que não pregassem o ateísmo ou heresias. O ensino era totalmente financiado pelos alunos, que pagavam taxas aos professores e podiam se transferir para outras escolas se ficassem insatisfeitos. As primeiras universidades não tinham edifícios permanentes e poucas propriedades corporativas.

Às universidades de Bolonha e Salerno seguiram-se, na Itália, no século XIII, as de Pádua, Nápoles, Siena e, no século XIV, a de Pisa. A de Paris, que ganhou fama com o nome de Sorbonne, nasceu entre 1150 e 1170 e se notabilizou pelo ensino de teologia. Tornou-se modelo para outras universidades européias, como as de Oxford e Cambridge, na Inglaterra, que no final do século XII já estavam bem estabelecidas. A partir do século XIII, surgiram universidades na maioria das grandes cidades européias: Montpellier e Aix-en-Provence, na França; Roma e Florença, na Itália; Salamanca e Valladolid, na Espanha; Praga e Viena, na Europa central; Heidelberg, Leipzig, Freiburg e Tübingen, na atual Alemanha; Louvain, na atual Bélgica; Saint Andrews e Glasgow, na Escócia; e Coimbra, em Portugal.

Até o fim do século XVIII, as universidades ofereciam um núcleo curricular baseado nas sete artes liberais: gramática, lógica, retórica, geometria, aritmética, astronomia e música. Os alunos depois continuavam os estudos numa das faculdades profissionais de medicina, direito e teologia. Os testes finais eram extremamente rigorosos e muitos estudantes fracassavam.

As primeiras universidades com feição moderna surgiram com o fim do feudalismo e o nascimento dos estados nacionais. A universidade medieval, com seu rígido arcabouço escolástico, se tornou incompatível com o impulso renovador da época. Enfrentou críticas baseadas no espírito do humanismo, como as de Erasmo, que preparou em Cambridge uma versão do Novo Testamento para proporcionar aos estudantes um texto isento dos erros da Vulgata, e recebeu ataques mais incisivos do Iluminismo.

A Reforma e a Contra-Reforma religiosas do século XVI afetaram as universidades da Europa de formas diferentes. Nos estados alemães, os protestantes dominaram as antigas escolas e fundaram novas, enquanto muitas universidades católicas se tornaram defensoras intransigentes do ensino tradicional associado à Igreja Católica. No século XVII, as universidades protestantes e católicas tinham se tornado centros devotados à defesa de suas doutrinas religiosas e portanto resistentes ao interesse pela ciência que tinha começado a dominar a Europa. O novo ensino foi desencorajado e assim muitas universidades passaram por um período de relativo declínio. Apesar disso, continuaram a surgir novas universidades, como as de Edimburgo, Leiden e Estrasburgo.

Veja também:
Estudantes e Reforma Universitária
Universidade no Brasil
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