Técnicas da Pintura


Como em qualquer outra das artes plásticas, a imagem pictórica é fictícia, isto é, não tem existência física tridimensional. Visto que o artista só trabalha sobre um plano, tem de recorrer a expedientes que lhe possibilitem representar os objetos no espaço. Tais métodos incluem a perspectiva, o chiaroscuro e o uso da cor. A perspectiva linear parte das premissas de que, à proporção que os objetos se afastam do olho, ficam parecendo menores; e de que a área em torno deles, de diluição da forma, perde seus contornos à distância.

O chiaroscuro, ou gradação entre a luz e o sombreado, tal como estes são refletidos pelos objetos, produz o efeito do modelado -- termo que os pintores tomaram de empréstimo à escultura. É preciso ainda observar a perspectiva cromática, baseada no princípio de que as cores "quentes" (como o vermelho) parecem mais próximas do espectador do que as "frias" (como o azul).

Os materiais de que uma pintura se compõe dependem sempre das técnicas empregadas, mas há três que são indispensáveis na maior parte dos casos: uma superfície (denominada suporte pictórico), os pigmentos utilizados na obtenção das cores e os utensílios com que se espalham esses pigmentos sobre o suporte.

O termo "agente", em pintura, tem um significado especial, pois designa o veículo de suspensão e fixação dos pigmentos. Um desses veículos é o pastel: bastões de giz a que se acrescentam as cores, visados para pintar sobre papel. Terminada a obra, esparge-se um fixador. Outro veículo é a aquarela, em que os pigmentos são diluídos em água e as tonalidades controladas segundo a maior ou menor quantidade desse líquido. Aplica-se sobre papel ou seda. Já na técnica do guache, adiciona-se às tintas de aquarela um ingrediente opaco, como o branco-de-zinco, com a obtenção de peculiares efeitos de textura.

A pintura do afresco é feita com tintas de aquarela sobre uma superfície ainda úmida de reboco e cal, em geral aplicados sobre muro ou teto. Combinadas, a pintura e o reboco secam conjuntamente e passam a fazer parte da superfície, que impregnam de maneira duradoura. Na têmpera, a substância aglutinante é a gema do ovo ou qualquer outra com igual teor de viscosidade. Essa técnica pode-se aplicar a muros, madeira ou tela, com ótimos resultados em durabilidade, textura e brilho. Um dos tipos de têmpera tem como veículo a caseína, extraída do leite.

O óleo é, de certo modo, o mais flexível dos veículos. Secando lentamente, permite ao pintor efetuar gradativas correções em seu trabalho, até atingir a qualidade desejada. Ao contrário da têmpera, que é opaca, a pintura a óleo permite a refração da luz e, conseqüentemente, a obtenção de efeitos luminosos e de transparência. Mais recentemente, fizeram-se experiências bem-sucedidas com resinas sintéticas e piroxilinas, tintas vinílicas e outras. Os muralistas mexicanos foram pioneiros na adoção de tais materiais, muitas vezes sobre uma superfície pictórica de cimento Portland.

Para aplicar os pigmentos, o pintor ordinariamente utiliza pincéis de vários tamanhos, com cerdas também de espessura variável. Facas, espátulas, cabos de pincel e os próprios dedos são às vezes empregados para alcançar certos efeitos. Há mesmo quem aplique a tinta diretamente com o tubo, ou com uma bomba de ar comprimido, ou usando um vaporizador.

Se bem que a pintura seja uma arte bidimensional, é possível adicionar-lhe uma terceira dimensão. A própria superfície do suporte pode ser realçada, por exemplo, com uma espessa camada de gesso. Ou então o pintor poderá lançar mão de grossas camadas de tinta, que constituem a técnica do impasto. Mais modernamente, a tridimencionalidade pode-se obter com a adição, aos pigmentos tradicionais, de areia, sementes, pequenos objetos etc.

Na maioria das pinturas a óleo, a mistura dos pigmentos se faz na própria superfície pictórica, não na palheta. Mas acontece, às vezes, que o artista não deseja propriamente misturar os pigmentos e sim justapô-los, deixando aos olhos de quem veja o quadro a tarefa de misturá-los mentalmente. Colocando assim, lado a lado, em pequenos pontos, pigmentos amarelos e azuis, o resultado será a formação, na retina do espectador, de belas tonalidades verdes. A técnica, a que se deu o nome de pontilhismo, foi de ampla utilização por pós-impressionistas que desejavam sugerir a brilhante natureza da luz solar.

Algumas técnicas artísticas apenas se assemelham às da pintura, como o mosaico, os têxteis e o vitral. O mosaico consiste na composição com grande quantidade de pedrinhas achatadas, de cor e brilho variáveis (tesserae), de maneira a formar um desenho sobre um fundo de argamassa. Embora certos efeitos de luz e sombra, e mesmo de perspectiva, possam ser obtidos, a essência do mosaico é uma bidimensionalidade que melhor se traduz em padrões de estilo abstrato ou semi-abstrato. É também o caso do vitral, como de certos têxteis como a tapeçaria e o bordado, processos artísticos fundamentalmente bidimensionais.

Veja também:
Artes Plásticas
Classificação das Artes
Formas e Técnicas
Imaginação e Criação
Técnicas da Arquitetura
Técnicas da Escultura

     
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