Axiologia

Muitas respostas diferentes podem ser dadas à pergunta "o que é intrinsecamente bom?" Os hedonistas dizem que é o prazer; os pragmáticos, a satisfação, o crescimento ou a adaptação; os humanistas, a auto-realização harmoniosa; os cristãos, o amor a Deus.

Axiologia, ou teoria do valor, é a abordagem filosófica do valor em sentido amplo. Sua importância reside principalmente no novo e mais extenso significado que atribuiu ao termo valor e na unidade que trouxe ao estudo de questões econômicas, éticas, estéticas e lógicas que eram tradicionalmente consideradas em separado.

Originalmente, o termo valor referia-se principalmente ao valor de troca, como na obra do economista inglês do século XVIII Adam Smith. Durante o século XIX, o termo passou a ser empregado em outras áreas do conhecimento, sob a influência de diversos pensadores e escolas: os neokantianos Rudolf Lotze e Albrecht Ritschl; Friedrich Nietzsche, autor de uma teoria sobre a transposição dos valores; e Eduard von Hartmann, filósofo do inconsciente que usou pela primeira vez o termo axiologia no título de uma obra, Grundriss der Axiologie (1909; Esboços de axiologia).

Hugo Münsterberg, considerado o fundador da psicologia aplicada, e Wilbur Urban, autor de Valuation, Its Nature and Laws (1909; A valoração, sua natureza e suas leis) divulgaram as novas concepções nos Estados Unidos, onde o livro General Theory of Value (1926; Teoria geral do valor), de Ralph Perry, foi considerado a obra máxima sobre a nova disciplina. Perry definiu valor, inicialmente, como "qualquer objeto, de qualquer interesse", e logo explorou os oito domínios do valor: moralidade, religião, arte, ciência, economia, política, lei e costumes.

Alguns autores distinguem valor instrumental de valor intrínseco, ou seja, o que é bom como meio e o que é bom como fim. John Dewey, em Human Nature and Conduct (1922; A natureza e a conduta humanas) e Theory of Valuation (1939; Teoria da valoração) tentou, sob um enfoque pragmático, acabar com a distinção entre meios e fins. Seu propósito, na verdade, era afirmar que existem, na vida das pessoas, coisas como saúde, saber e virtude que são boas em ambos os sentidos. Outros autores, no caminho inverso, multiplicaram as categorias de valor e opuseram, por exemplo, o valor instrumental (ser bom para alguma finalidade) ao valor técnico (ser bom para fazer alguma coisa) e o valor contribuinte (ser bom como parte de um todo) ao valor final (ser bom como um todo).

Uma vez que "fato" se relaciona com objetividade e "valor" implica subjetividade, a relação entre os dois conceitos é de fundamental importância para uma teoria objetiva do valor e dos juízos de valor. Enquanto as ciências descritivas como a sociologia, a psicologia e a antropologia procuram determinar com critérios práticos o que é dotado de valor e as qualidades do que é valorizado, a filosofia permanece dedicada à tarefa de questionar a validade objetiva daqueles critérios.

Ao filósofo cabe discutir se algo tem valor porque é desejado, como afirma Perry, ou se é desejado porque tem valor, como querem os objetivistas como Nicolai Hartmann. Ambas as abordagens supõem que os juízos de valor têm uma propriedade cognitiva. Elas divergem quanto à existência independente do valor como atributo de um objeto, sem interferência do interesse humano. Os não-cognitivistas negam a qualidade cognitiva aos juízos de valor e atribuem a eles uma função emotiva. Os existencialistas, como Jean-Paul Sartre, destacam a liberdade de escolha dos valores de cada pessoa e rejeitam uma relação lógica ou ontológica entre fato e valor.

     
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