Ao filosofar contra a filosofia, tentando subtrair-se ao pensamento classificatório, o pensador alemão Walter Benjamin não alcançou repercussão em vida, apesar do estímulo que recebeu de homens como Theodor Adorno e Ernst Bloch. Depois de sua morte, passou a ser apontado como um dos mais argutos críticos de idéias e fatos da primeira metade do século XX.
Walter Benjamin nasceu em Berlim em 15 de julho de 1892. Após estudar filosofia em Munique, Berna e outras cidades, fixou-se em Berlim, em 1920, como crítico literário e tradutor. Quis uma carreira acadêmica, mas teve esse desejo frustrado quando a Universidade de Frankfurt rejeitou sua tese de doutorado, brilhante mas anticonvencional, Ursprung des deutschen Trauerspiels (1928; Origem da tragédia alemã).
Os textos de Benjamin, sobre literatura, arte, técnicas ou vida social, ficaram em sua maioria esparsos em periódicos. Em vida, além da tese sobre a tragédia alemã, publicou apenas outros dois livros: Der Begriff der Kunstkritik in der deutschen Romantik (O conceito de crítica de arte no romantismo alemão) e Einbahnstrasse (Rua de mão única), coletânea de ensaios e reflexões.
Os importantes ensaios de Benjamin sobre As afinidades eletivas de Goethe (1924-1925), alguns temas de Baudelaire (1929), a poesia de Brecht (1930) e as obras de Karl Kraus (1931) e Franz Kafka (1934) só ganharam difusão depois de incluídos por Adorno na edição póstuma Gesammelte Schriften (1955; Textos reunidos). Dessa mesma edição constam fragmentos de uma obra inacabada sobre Paris e o ensaio, publicado em francês, "L'oeuvre d'art à l'époque de sa reproduction mécanisée" (1936; "A obra de arte na época de sua reprodução mecânica"), dos mais representativos da conversão ideológica do autor ao marxismo.
Com a ascensão do nazismo ao poder, Benjamin, já abalado por dificuldades materiais, exilou-se em 1935 em Paris. Após a invasão da França pelos alemães, em 1940, juntou-se a um grupo de refugiados que tentava escapar pelos Pireneus. Detido pela polícia espanhola, que ameaçou entregar o grupo à Gestapo, Benjamin suicidou-se em Port Bou, na fronteira franco-espanhola, em 26 de setembro de 1940. As autoridades, depois disso, permitiram que os fugitivos passassem.