As idéias de Campanella, conhecido sobretudo por A cidade do sol, refletiram a tentativa, comum no fim do Renascimento, de conciliar os dogmas cristãos com as novas concepções científicas e religiosas.
Giovanni Domenico Campanella nasceu em uma humilde família de Stilo, Calábria, em 5 de setembro de 1568. Em 1583 ingressou na ordem dos dominicanos e adotou o nome de Tommaso. No período de noviciado recebeu forte influência do filósofo Bernardino Telesio, que dava mais valor à experiência do que à fé. Em Nápoles, para onde seguiu em 1589, publicou Philosophia sensibus demonstrata (1591; Filosofia demonstrada pelos sentidos), cujo conteúdo antitomista levou-o a ser preso como herético.
Libertado poucos meses depois, Campanella viajou para Pádua, onde conheceu Galileu e foi novamente encarcerado, sob a acusação de sodomia. Julgado em Roma, onde teve Giordano Bruno como companheiro de prisão, viu-se obrigado a abjurar em 1596. No ano seguinte regressou para a Calábria. Indignado com a miséria do povo, chefiou uma rebelião contra o jugo espanhol mas foi traído e preso uma vez mais. Submetido a torturas, confessou sua participação na revolta e teve de se fingir de louco para escapar à pena de morte. Passou 27 anos na prisão, período em que escreveu a maior parte de suas obras, entre as quais a utopia La città del sole (1602; A cidade do sol). Depois de libertado, Campanella foi vítima de novas perseguições e, com a proteção do papa Urbano VIII, fugiu para Paris, onde contou com a simpatia e hospitalidade de Luís XIII e Richelieu.
Outras obras de Campanella foram De monarchia christianorum (1593; Sobre a monarquia dos cristãos) e Metaphysica (1638). Suas teorias mostram influência do materialismo de Demócrito, do animismo neoplatônico e do antidogmatismo de Giordano Bruno. Antecipando-se ao pensamento de Descartes, sustentou que toda verdade deve basear-se na experiência individual e consciente. Importante sobretudo como utopista, o filósofo idealizou uma sociedade naturalista e teocrática em que seriam abolidas tanto a propriedade privada quanto a família. Também poeta lírico dos mais originais de sua época com Inno al sole (Hino ao sol) e suas canzoni, Tommaso Campanella morreu em Paris em 21 de maio de 1639.