Na crítica ao kantismo, Farias Brito identificou os planos do conhecimento e do ser, voltando dogmaticamente à metafísica tradicional, de caráter espiritualista. Por isso alguns espíritos católicos aglutinaram-se em torno de sua obra, que configuraria uma espécie de neotomismo.
Raimundo de Farias Brito nasceu em São Benedito CE em 24 de julho de 1862. Formado em direito em Recife PE, transferiu-se depois para Belém PA, onde trabalhou como advogado, promotor e professor. Em 1909 estabeleceu-se no Rio de Janeiro e conquistou a cadeira de lógica do Colégio Pedro II. Publicou Finalidade do mundo (1895, 1899, 1905, 3v.); A verdade como regra das ações (1905); A base física do espírito (1912) e O mundo interior (1914).
Nas duas primeiras obras enfeixa-se a crítica da filosofia da época, a seu ver dissolvente. Farias Brito propõe-se aí a combater o materialismo, a teoria da evolução e o relativismo, à maneira de Tobias Barreto, que não era incompatível com a existência de Deus. O seu Deus, nessa fase, não é o da "velha teologia ortodoxa", mas um princípio que explica a natureza e serve de base ao mecanismo da ordem moral na sociedade.
Nas duas últimas obras, volta-se Farias Brito para a afirmação de suas próprias idéias. Caminha para um espiritualismo mais pronunciado, apoiando-se em Bergson e abandonando o naturalismo inicial. Nega a matéria, pois considera os corpos como simples fenômenos e a força uma coisa em si. A única força da qual temos conhecimento direto é a intelectual, que reside em nós, daí ser o método introspectivo o mais apropriado à filosofia. Farias Brito morreu no Rio de Janeiro RJ, em 16 de janeiro de 1917.