Tido como fundador do neoplatonismo, Plotino, apesar de místico, preocupou-se com o rigor conceitual de sua doutrina e em afirmar o exercício da razão. Suas concepções influenciaram os teólogos medievais e perduraram em toda a tradição esotérica do Ocidente.
Plotino nasceu em Licópolis, Egito, por volta do ano 205. Estudou filosofia em Alexandria, e viajou pela Antioquia e a Pérsia. Aos quarenta anos, fixou-se em Roma e fundou sua escola. Um discípulo, Porfírio, reuniu seus escritos em seis grupos de nove tratados publicados postumamente: as Enéadas.
O pensamento de Plotino foi em síntese uma reelaboração do idealismo de Platão, com notável influência das concepções cosmogônicas de Aristóteles. Seu propósito fundamental era estabelecer a relação entre o princípio espiritual da realidade, o Uno, e as coisas engendradas por ele. Segundo o sistema de Plotino, o Uno, incognoscível e transcendente a qualquer definição, seria a origem de tudo o que existe, por meio de uma sucessão de emanações. A primeira delas é o Nous -- o intelecto ou princípio ordenador -- e a segunda o Espírito ou Alma do Mundo, da qual participam as almas individuais aprisionadas na matéria, ordem inferior da realidade. A função primordial da filosofia seria elevar a alma, por meio do entendimento, em direção ao divino, processo do qual decorreria, em última instância, a fusão mística com o Uno. A matéria pura é o mal e o Uno identifica-se ao bem.
Alquebrado ao fim da vida por uma doença que o forçou a se afastar dos discípulos, Plotino morreu na Campânia, por volta do ano 270.