Conhecido como imperador-filósofo especialmente pelo livro Meditações, Marco Aurélio, no entanto, não foi um pensador original, pois suas idéias se inspiraram no estoicismo de Epicteto. Para muitos historiadores, no entanto, seu reinado coincidiu com a idade de ouro do Império Romano.
César Marco Aurélio Antonino Augusto, cujo nome original era Marco Ânio Vero, nasceu em Roma em 26 de abril do ano 121. Ao nascer, a família gozava de grande prestígio: o avô paterno era cônsul e prefeito de Roma; uma tia paterna casara com Tito Aurélio Antonino, que veio a ser imperador e a quem Marco Aurélio sucederia; e a avó materna herdou uma das maiores fortunas de Roma. Conviveu assim Marco Aurélio com a fortuna e o poder. Recebeu de mestres gregos esmerada educação humanística.
No ano 136, o imperador Adriano anunciou como sucessor Lúcio Cômodo, que morreu dois anos depois. Adriano escolheu então Antonino para suceder-lhe, com o compromisso de adotar como filhos dois jovens: Lúcio Vero, filho de Cômodo, e Marco Aurélio. Este, então com 17 anos, e o irmão adotivo, tornaram-se sucessores naturais do imperador. Marco Aurélio foi três vezes cônsul e casou-se, em 145, com a filha do imperador, Faustina. Dois anos depois recebeu o imperium e a tribunicia potestas, os maiores poderes formais do império. Com a morte de Antonino, no ano 161, assumiu o trono com Lúcio Vero. Entre 162 e 166, guerrearam contra os partos, que invadiram a Síria. Os romanos, comandados por Vero, voltaram vitoriosos, mas trouxeram a peste, que dizimou muitas vidas e evidenciou a vulnerabilidade do império.
Em 168, enquanto Marco Aurélio e Vero realizavam uma expedição punitiva ao longo do Danúbio, hordas germânicas invadiram a Itália e sitiaram Aquiléia. Os dois voltaram-se contra os invasores e os esmagaram, mas em 169 Vero morreu subitamente. Marco Aurélio continuou a luta e restaurou a fronteira do Danúbio. Tratou então de pacificar as províncias do Oriente. Visitou Antioquia, Alexandria e Atenas. Na viagem, morreu a imperatriz Faustina. No ano 177, Marco Aurélio dividiu o governo com seu filho Cômodo, com quem retomou as guerras do Danúbio.
Apesar das guerras e dos afazeres do governo, Marco Aurélio escreveu vasta correspondência e deixou um pequeno livro, que condensa todo seu pensamento: Meditações. De aparência fragmentária, por ter sido escrito nos curtos intervalos de seus muitos afazeres, Meditações deriva diretamente da doutrina de Epicteto, mas dela se afasta em poucos pontos mais próximos ao neo-platonismo, para o qual convergiam na época todas as filosofias não cristãs. Ensina que o ideal a ser buscado não é a felicidade, mas a tranqüilidade e o domínio das paixões e emoções, que se obtêm pela harmonia com a natureza e a aceitação de suas leis. O livro é um ato de fé na razão e na coragem ante a adversidade. Marco Aurélio morreu em 17 de março de 180, provavelmente em Vindobona (Viena).