Partindo de uma constatação, "A ciência não tem a filosofia que merece", Bachelard dedicou a primeira parte de sua obra a denunciar e, em seguida, a preencher essa lacuna.
Filósofo francês, Gaston Bachelard nasceu em Bar-sur-Aube em 27 de junho de 1884. De origem humilde, formou-se tarde e trabalhou por muito tempo como professor de física em sua cidade. A partir de 1930 lecionou na Universidade de Dijon. Publicara, antes, seu primeiro livro, Essai sur la conaissance approchée (1928; Ensaio sobre o conhecimento aproximado). De 1940 a 1954, foi professor de história e filosofia da ciência na Sorbonne.
Em sua obra capital, Le Nouvel esprit scientifique (1934; O novo espírito científico), observou que este, ao mesmo tempo que escapa à preponderância da imagem -- característica na antiguidade e na Idade Média -- também escapa à preponderância do esquema geométrico peculiar aos tempos modernos: "o novo espírito científico" tende então para o concreto, não porque se abandone ao irracional, mas porque tenta ampliar o alcance da razão. Para Bachelard, a história das idéias não se faz por evolução ou continuísmo, mas por meio de rupturas ou revoluções, os chamados "cortes epistemológicos".
Muito importantes foram seus estudos de interpretação psicológico-literária dos elementos fundamentais (terra, água, ar e fogo), contidos em livros como La Psychanalyse du feu (1938; A psicanálise do fogo). Após lançar dois títulos que se tornaram clássicos para a fundamentação de uma nova poética, La Poétique de l'espace (1957; A poética do espaço) e La Poétique de la rêverie (1960; A poética do devaneio), Gaston Bachelard morreu em Paris em 16 de outubro de 1962.