Conhecido por sua erudição, o jesuíta Francisco Suárez foi o principal representante da nova escolástica do século XVI e um dos fundadores do direito internacional.
Francisco Suárez nasceu em Granada, Espanha, em 5 de janeiro de 1548. Filho de um rico advogado, começou a estudar leis em Salamanca aos 13 anos. Três anos depois abandonou os estudos para ingressar na Companhia de Jesus, onde completou sua formação. A partir de 1571 desempenhou-se como instrutor de teologia em vários centros dessa ordem, na Espanha e em Roma. Em 1597 estabeleceu-se como professor de teologia na Universidade de Coimbra, Portugal, pertencente então à coroa espanhola, por indicação do rei Filipe II.
A obra mais influente de Suárez foi Disputationes Metaphysicae (1597; Disputas metafísicas), amplo tratado que articulava todo o saber metafísico, concebido como teologia natural. Apesar de se ter inspirado sobretudo em santo Tomás de Aquino, Suárez diferia deste pelo maior realismo na abordagem de diversas questões. Essa divergência e o fato de ter aproveitado teses extraídas de outros autores escolásticos, além do tomismo, fez com que seu sistema ficasse conhecido como "suarismo". As Disputationes foram usadas por mais de um século como texto fundamental nas principais universidades católicas e protestantes da Europa.
Durante a última fase da vida, por encomenda do papa Paulo V e de outras autoridades religiosas, Suárez escreveu obras como De legibus (1612; Das leis) e Defensio fidei catholicae (1613; Defesa da fé católica), destinadas a elaborar uma teoria jurídica e política baseada nos princípios católicos. Ponto fundamental de suas teses foi a afirmação segundo a qual a lei humana, ainda que subordinada à lei divina, não se identifica com ela e deve visar ao bem dos indivíduos. Negou, portanto, o direito divino dos reis e considerou que a soberania reside no povo, que pode derrubar o monarca se ele atua contra o interesse social. O pensador também criticou muitas das práticas da colonização espanhola nas Índias em De bello et de Indis (Sobre a guerra e as Índias). Francisco Suárez morreu em Lisboa, em 25 de setembro de 1617.