A origem da lingüística científica de orientação estruturalista do século XX é geralmente identificada com a obra de Saussure, que serviu de ponto de partida para novos métodos e teorias, como as da escola de Praga, surgida na década de 1920, as de Edward Sapir e as da lingüística estrutural americana.
Ferdinand de Saussure nasceu em Genebra, Suíça, em 26 de novembro de 1857. Cursou lingüística na universidade alemã de Leipzig e, ainda estudante, publicou seu único livro, um brilhante estudo em lingüística comparativa que firmou sua reputação: Mémoire sur le système primitif des voyelles dans les langues indo-européennes (1879; Memória sobre o sistema primitivo das vogais nas línguas indo-européias). Posteriormente estudou sânscrito, celta e indiano, em Berlim. Em 1880 doutorou-se em Leipzig com a tese De l'emploi du génitif absolu en sanscrit (Sobre o emprego do genitivo absoluto em sânscrito). No ano seguinte tornou-se professor da École des Hautes Études, em Paris. Voltou à Suíça em 1891 e lecionou sânscrito e línguas indo-européias na Universidade de Genebra. Em 1907 iniciou nessa instituição os célebres cursos de lingüística geral, que se estenderiam até sua morte. Neles, Saussure estabeleceu vários pressupostos teóricos que abriram caminho à evolução dos estudos lingüísticos durante toda a primeira metade do século XX.
Ao estudar o conjunto de fenômenos ligados ao uso da linguagem, Saussure distinguiu, como aspectos complementares e interdependentes, a língua (langue), "único e verdadeiro objeto" da lingüística; e a fala (parole), ou discurso, fenômeno individual, concreto e pessoal, que permite ao lingüista, mediante métodos específicos, estudar a língua. Saussure define língua como um sistema abstrato, comum a todos os membros de uma comunidade lingüística -- e conseqüentemente de caráter social -- e também como um sistema arbitrário de signos. A lingüística, portanto, faria parte de uma ciência mais ampla: a semiótica ou ciência geral dos signos. O signo lingüístico seria o resultado da combinação entre um significante (camada sonora) e um significado (conceito).
O estruturalismo, conforme exposto na obra de Saussure, baseia-se na convicção de que o complexo inter-relacionamento dos signos na estrutura lingüística torna possível a organização da língua como forma, independente da substância (quer a substância fônica do significante, quer a substância conceitual do significado) em que essa forma se realize. Na investigação de um sistema lingüístico, distinguiu o estudo sincrônico, que considera uma língua em tempo e lugar determinados, e o estudo diacrônico, que examina sua evolução histórica. Em ruptura com a tradição historicista dominante no século XIX, priorizou o estudo sincrônico, que permite compreender a estrutura essencial de uma língua.
Ferdinand de Saussure morreu em Genebra, em 22 de fevereiro de 1913. O Cours de linguistique générale (1916; Curso de lingüística geral), obra póstuma que lhe deu notoriedade, é fruto dos cursos ministrados durante os últimos anos de vida do autor na Universidade de Genebra, recolhidos e organizados por seus discípulos Charles Bally e Albert Séchehaye.