Denis Diderot
(1713 - 1784)
O nome de Diderot está estreitamente ligado ao da Encyclopédie, um dos símbolos do Iluminismo e que desempenhou papel destacado na criação do clima ideológico desencadeador da revolução francesa.
Denis Diderot nasceu em Langres, na região francesa da Champagne, em 5 de outubro de 1713. Filho de um mestre de cutelaria de boa posição, educou-se com os jesuítas, iniciou a carreira eclesiástica e chegou a receber a tonsura em 1726. Depois estudou em Paris, graduou-se em artes em 1732 e ampliou sua formação em leis, literatura, filosofia e matemática. Contudo, apesar de tantas possibilidades, não parece que levasse vida desafogada, já que se dedicou a traduções e até a escrever sermões por encomenda. Depois de uma crise religiosa, passou por uma fase de vida livre, descrita num romance que apareceria postumamente, Le Neveu de Rameau (1821; O sobrinho de Rameau). Freqüentava as tertúlias dos cafés e nelas conheceu pensadores iluministas como Étienne Condillac e Jean-Jacques Rousseau.
Em 1746, três anos depois de um casamento que logo fracassaria, publicou Pensées philosophiques (Pensamentos filosóficos), e em 1749 passou três meses na prisão por escrever Lettre sur les aveugles à l'usage de ceux qui voient (Carta sobre os cegos para uso daqueles que enxergam). Nas duas obras, Diderot expunha seu pensamento, baseado num materialismo ateu que frisava o quanto o homem dependia de seus sentidos.
Desde 1745, Diderot vinha trabalhando, ao lado do matemático Jean Le Rond d'Alembert, por encomenda do livreiro André LeBreton, na tradução da Cyclopaedia, do inglês Ephraim Chambers. Esse trabalho o levou a conceber a idéia de uma grande enciclopédia que fosse o veículo das novas idéias contra as forças, para ele reacionárias, da igreja e do estado, e que destacasse os princípios essenciais das artes e das ciências. O fundo ideológico seriam o racionalismo e a fé no progresso da humanidade. Em 1750, depois de sair da prisão, publicou Prospectus, que D'Alembert converteria no ano seguinte no Discours préliminaire (Discurso preliminar) da Enciclopédia.
A publicação da obra deu-se entre 1751 e 1772, com acolhida variável, mas indiscutível êxito final. Dos artigos publicados na Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers (Enciclopédia ou Dicionário lógico das ciências, artes e ofícios), composta de 17 volumes, Diderot escreveu um bom número; mas sua tarefa foi sobretudo a de diretor e supervisor dessa grande iniciativa, da qual participaram intelectuais como Montesquieu e Rousseau. Este último em 1758 desentendeu-se com Diderot, que ficara como diretor único da obra após a saída, naquele ano, de D'Alembert. Apesar das numerosas proibições e dificuldades, a Enciclopédia viria a tornar-se um símbolo das teorias revolucionárias e dos pensadores mais avançados do Século das Luzes.
Paralelamente, Diderot deu prosseguimento a uma prolífica produção. Foram particularmente interessantes seus romances Jacques le Fataliste et son maitre (Jacques o Fatalista e seu mestre) e La Religieuse (A religiosa), publicados postumamente em 1796 e que revelavam seu esforço por conjugar a filosofia materialista com a crença na liberdade humana. Também escreveu diversas peças dramáticas e contos, em geral de teor licencioso e anticlerical. Entre seus ensaios, de crítica literária e estética, cabe citar Eléments de physiologie (1774-1780; Elementos de fisiologia).
Diderot viveu seus últimos anos em extrema pobreza e precisou ser ajudado economicamente pela imperatriz Catarina da Rússia, sua admiradora. Morreu em Paris em 30 de junho de 1784.
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"DENIS DIDEROT . Estudante de Filosofia, 2024.
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