Já que a quase totalidade dos sistemas filosóficos tem tradicionalmente aspirado não só à compreensão geral da realidade mas também ao estabelecimento de princípios éticos que regulassem a organização da sociedade, as teorias da política e do direito acham-se vinculadas de forma indissolúvel ao progresso da filosofia. Os dois grandes mestres do pensamento ocidental, Platão e Aristóteles, estabeleceram em seus respectivos tratados - República e Política - o conceito da filosofia política como análise da origem, essência e valor do estado e, se o primeiro criou o modelo de todas as "utopias" ou descrições do estado ideal, o segundo, que definiu o homem como "animal político", estabeleceu, mediante a classificação e ponderação das diferentes formas de governo, os fundamentos da moderna teoria política.
Durante a Idade Média, a doutrina política centralizou-se fundamentalmente no debate sobre as relações entre o poder temporal - o estado - e o poder espiritual - a igreja. A partir do Renascimento, sob novas condições sociais, a filosofia política ligou-se profundamente à filosofia do direito. Isso se deu em conseqüência da contraposição entre razão de estado e lei natural, que ganhou atualidade, ou por estímulo do surgimento das diversas concepções de estado - direito divino dos reis, contrato social etc. - que culminaram no século XIX com a teoria jurídica do estado como fonte única do direito.
Todo modelo de organização social, em suma, todo sistema político, repousa sobre a escolha de certos princípios baseados no exercício da razão filosófica. A Filosofia da História, formulada fundamentalmente a partir do século XIX graças a autores como Wilhelm Dilthey e Max Weber, constitui instrumento indispensável para a compreensão da evolução das idéias políticas e dos sistemas de valores e concepções de mundo que caracterizaram as diferentes épocas.
A pretensão de todas essas correntes de pensamento era apreender o conjunto da realidade social e oferecer um modelo global segundo o qual essa realidade deveria organizar-se no futuro. No entanto, a crescente complexidade da sociedade das últimas décadas do século XX, a profusão de forças que surgiram no meio social com influências diversas e o fracasso da tentativa de implantar alguns dos modelos sociais com raízes mais firmes, provocaram uma situação nova. Os filósofos, incapazes de captar uma realidade tão rica e cambiante, parecem ter renunciado ao objetivo de estabelecer sistemas globais.
Surgiram assim escolas que buscavam averiguar os valores que se escondiam atrás das muitas correntes ideológicas que se tornavam populares a cada momento dado. Num sentido mais geral, o filósofo atuava como observador social capaz de situar qualquer acontecimento, fosse ele de ordem política, social ou estética, num contexto no qual se tornavam evidentes suas relações com outras características da realidade.