Filosofia da Linguagem
Filosofia da linguagem é o ramo da filosofia que estuda a essência e natureza dos fenômenos lingüísticos. Ela trata, de um ponto de vista filosófico, da natureza do significado lingüístico, da referência, do uso da linguagem, do aprendizado da linguagem, da criatividade dos falantes, da compreensão da linguagem, da interpretação, da tradução, de aspectos lingüísticos do pensamento e da experiência. Trata também do estudo da sintaxe, da semântica, da pragmática e da referência. As principais questões investigadas pela disciplina são:
Como as frases compõem um todo signiticativo? O que é o significado das "partes" (palavras) das frases? Qual a natureza do significado? O que é o significado? O que fazemos com a linguagem? Como a usamos socialmente? Qual sua finalidade? Como a linguagem se relaciona com a mente do falante e do intérprete? Como a linguagem se relaciona com o mundo?
Os filósofos da linguagem não se ocupam muito do que significam
palavras ou frases individuais. Qualquer dicionário ou enciclopédia
pode resolver o problema do significado das palavras. O mais interessante
é o que significa para uma palavra ou frase significar alguma
coisa. Por que as expressões têm os significados que têm?
Como uma expressão pode ter o mesmo significado de outra? E,
principalmente: qual o significado de "significado"?
A pergunta "qual o significado do 'significado'?" não
tem uma resposta óbvia. A tradição empirista tratou
o significado do "significado" como uma idéia provocada
por um signo. Teorias da condição de verdade tratam os
significados como condições sob as quais uma frase envolvendo
uma expressão pode ser verdadeira ou falsa. Teorias do significado
como uso entendem o significado como algo relacionado a atos de fala
e frases particulares. Teorias pragmatistas tratam o significado como
conseqüência. Teorias referenciais do significado tratam
o significado como algo equivalente às coisas no mundo conectadas
às palavras que as designam.
A filosofia da linguagem também investiga a relação
entre o significado e a verdade. Frases sem significado podem ser verdadeiras
ou falsas? E as frases sobre coisas que não existem, como o Papai
Noel? Quando dizemos que algo é verdade, o que é verdadeiro?
A frase?
A questão do aprendizado da linguagem levanta questões
interessantes. É possível haver pensamento sem linguagem?
O quanto a linguagem influencia o conhecimento do mundo. É possível
raciocinar sem linguagem?
História
A investigação filosófica da linguagem pode ser
encontrada já nos textos de Platão, Aristóteles
e autores estóicos. No Crátilo (uma obra em forma de diálogo)
Platão trata de questões relativas à relação
entre os nomes e as coisas que os mesmos designam. Tal relação
é natural ou convencional? No final do diálogo ele admite
que convenções sociais estão envolvidas na fixação
dos nomes às coisas e que há problemas na idéia
que palavras e fonemas têm significados naturais.
Platão também é responsável pela explicação
da possibilidade do discurso sobre a falsidade e o não-ser. É
fácil explicar como falamos sobre o que é, existe ou acontece.
Se o céu está azul, e dizemos "o céu está
azul", o que dizemos é verdadeiro, pois se relaciona de
maneira adequada com a cor do céu, o estado de coisas. Mas se
o céu está azul, e dizemos "o céu não
está azul", o que dizemos é falso, e aqui temos um
problema, pois o que dizemos não se relacionada a nada. Se não
se relaciona a nada, então não se relaciona, pois o nada
não é nada, e não pode ser o elemento de uma relação.
E, no entanto, falamos muitas coisas que não são, ou são
falsas. Isso é possível, segundo Platão, porque
as frases são complexas, ao contrário dos nomes, os quais
são simples. Um nome designa a coisa que designa se a coisa existe,
ou não designa nada se a coisa não existe. A frase não
nomeia nada. Nela se atribui um predicado a um sujeito gramatical, e
é nessa atribuição que há espaço
para que se diga, de uma coisa, algo que não cabe a ela. Eis
onde nasce a possibilidade do discurso sobre a falsidade e o não-ser.
Aristóteles ocupou-se de questões de lógica, das
categorias e do significado. Ele separou todas as coisas nas noções
de gênero e espécie. Ele defendeu que o significado de
um predicado é estabelecido através da abstração
das similaridades entre várias coisas individuais. Tal teoria
deu origem ao nominalismo, na Idade Média, mas há influência
aristotélica também na posição oposta, o
realismo sobre os universais. Dentre os medievais, Pedro Abelardo é
notável pela antecipação de muitas idéias
modernas sobre a linguagem.
O debate sobre o significado dos universais interessou a vários
filósofos. Qual o significado de "pedra", por exemplo?
Para os realistas a palavra refere-se a uma entidade abstrata. (A teoria
das formas ou idéias de Platão é um exemplo de
realismo.) Para os nominalistas a palavra é um som comum que
utilizamos para designar cada pedra.
A filosofia da linguagem foi considerada importante por vários
filósofos modernos, incluindo John Austin, Ferdinand de Saussure,
Umberto Eco, Hegel, Herder, Wilhelm von Humboldt, Kant Leibniz, Locke,
Nietzsche, Charles Sanders Peirce, John Searle, Vico e Wittgenstein.
Embora os filósofos sempre tenham discutido a linguagem, ela
começou a desempenhar um papel central na filosofia no final
do século XIX. No século XX a filosofia da linguagem tornou-se
tão central que em alguns círculos de filosofia analítica
que os problemas da filosofia em geral foram tratados como problemas
de filosofia da linguagem.
Linguagem e mundo
As teorias da referência investigam como a linguagem interage
com o mundo. Frege defendeu uma teoria da referência na qual uma
expressão tem sua referência determinada pelo sentido ou
modo de apresentação, isto é, pela maneira como
o referente é apresentado ao falante. Em contraste, e em resposta
ao idealismo de Bradley, Bertrand Russell criou uma teoria da referência
direta.A teoria da referência mediada de Frege difere da teoria
da referência direta de Russell no tratamento dos nomes logicamente
próprios. Na explicação de Russell, o único
significado dos mesmos são seus respectivos referentes. Na explicação
de Frege, qualquer expressão referencial tem um sentido e uma
referência. Nomes correferenciais, como "Samuel Clemens"
e Mark Twain", causam problemas para a visão diretamente
referencial em geral (embora não causem problemas especificamente
para a teoria da referência direta de Russell, pois na mesma nem
todos os nomes próprios gramaticais são nomes logicamente
próprios). A teoria de Frege, por sua vez, encontra dificuldades
na articulação e especificação das características
dos sentidos.
Interação social e linguagem
Os campos que examinam as condições sociais nas quais
os significados e as linguagens emergem são chamados de metassemântica.
A etimologia e a estilística são exemplos de áreas
de investigação metassemânticas.
Na sociologia, o interacionismo simbólico é baseado na
intuição que a organização social humana
é baseada quase inteiramente sobre o uso de significados. Em
conseqüência, qualquer explicação de uma estrutura
social, como uma instituição, precisaria explicar os significados
partilhados que criam e sustentam a estrutura.
Outra questão importante sobre mente e linguagem é em
que medida a linguagem influencia o pensamento, e vice versa. Há
várias perspectivas e sugestões. Por exemplo, a hipótese
de Sapir-Whorf sugere que a linguagem limita a extensão na qual
os membros de uma comunidade lingüística podem pensar sobre
temas. (Há um paralelo dessa hipótese em 1984, romance
de George Orwell.)
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"FILOSOFIA DA LINGUAGEM . Estudante de Filosofia, 2024.
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