Neotomismo


Para o neotomismo, toda a filosofia moderna a partir de Descartes se constituiria em erros e equívocos, responsáveis pela crise do mundo moderno. Entendida como um desvio metafísico e espiritual, essa crise só poderia ser superada com um retorno ao tomismo.

Neotomismo é uma corrente filosófica surgida no século XIX com o objetivo de reviver e atualizar a filosofia e a teologia de santo Tomás de Aquino -- o tomismo -- a fim de atender aos problemas contemporâneos. Baseia-se, como o tomismo, na filosofia aristotélica para esclarecer e justificar racionalmente a revelação divina do cristianismo.

As primeiras idéias neotomistas surgiram no Collegio Alberoni, de Piacenza, Itália, na segunda metade do século XVIII. O movimento, no entanto, afirmou-se com o grupo fundador da revista Civilitá Cattolica, publicada em Nápoles a partir de abril de 1850 e posteriormente também em Roma. Destacaram-se nesse grupo Matteo Liberatore e Gaetano Sanseverino.

A consagração do neotomismo veio com a encíclica de Leão XIII Aeterni patris (1879) que, ao lembrar os ensinamentos dos doutores da igreja, afirma que a filosofia é a base da fé cristã. A partir dessa encíclica, multiplicaram-se os centros de estudo e difusão do tomismo, como o Instituto Superior de Filosofia, na Universidade de Louvain, os institutos católicos de Paris, Lyon, Madri e Washington, a Universidade de Friburgo, na Suíça, e outros.

Na encíclica Doctor Angelici (1914), sobre a escolástica, Pio XI declarou a inviolabilidade da doutrina de santo Tomás de Aquino, fundamento de toda ciência das coisas naturais e divinas. Em outra encíclica, Studiorum ducem (1925), o papa afirma que Tomás de Aquino é o guia a ser seguido pela juventude clerical e que esse gênio divino não é só o doutor Angélico, mas o doutor Comum ou Universal da igreja.

Entre os numerosos órgãos de divulgação do neotomismo incluem-se a Rivista di Filosofia Neo-Scolastica, de Milão, e a parisiense La Revue Thomiste. Como expoentes do movimento destacam-se Victor Cathrein, Désiré Mercier, os dominicanos Antonin Sertillanges e Réginald Garrigou-Lagrange, o franciscano Agostini Gemelli e o filósofo francês Jacques Maritain, cuja obra, quase toda traduzida para o espanhol e o português, tornou-se referência para os autores católicos da América Latina e Brasil. Alceu Amoroso Lima, conhecido como Tristão de Ataíde, e o padre Leonel Franca foram os mais destacados representantes do neotomismo no Brasil. O movimento neotomista perdeu força após a segunda guerra mundial.



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"NEOTOMISMO. Estudante de Filosofia, 2024.
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