Sistemas Fundamentais


O pensamento racional, ao depurar e sistematizar os conceitos intuídos pelos mitos, propõe três orientações básicas sobre a origem do mundo.

Materialismo

De acordo com as concepções materialistas, não se deve buscar um começo nem uma origem ou causa do mundo. Só existe a matéria e esta é eterna, dinâmica, em contínua transformação. Se o universo se encontra em expansão a partir de uma explosão inicial, que os cientistas chamam de big bang, pode tratar-se de uma fase que alternaria com outra de compressão energética, até seu núcleo inicial, e assim aconteceria ciclicamente.

Emanatismo

As doutrinas emanatistas, das quais um exemplo clássico é o neoplatonismo, estabelecem a necessidade de um ser supremo, infinito, como princípio ou causa do mundo. O universo teria se desprendido de Deus, mediante uma emanação deliberada ou acidental de sua própria substância. Para explicá-la, essas doutrinas se socorrem dos símbolos, como a luz que se desprende do Sol, ou recorrem à imagem do feto que se desenvolve no seio materno. O emanatismo com freqüência se converte em panteísmo, identificando tudo com Deus.

Criação

O conceito de criação designa fundamentalmente a produção total do ser por parte do ser supremo. Isso implica uma absoluta dependência do primeiro para com o segundo e uma total distinção entre ambos. Estritamente, a idéia de criação implica produção sem matéria precedente, ex-nihilo.

No que diz respeito à relação de Deus com sua criação, existem duas posições básicas: o teísmo, comum às religiões monoteístas, considera que Deus continua intervindo no curso do mundo; o deísmo, desenvolvido sobretudo pelos pensadores do século XVIII, afirma que, uma vez consumado o ato da criação, Deus se afastou do mundo, que continua a evoluir independentemente da intervenção divina.

Problemas inerentes ao conceito de criação. Ainda que se aceite a idéia da criação, a dificuldade de concebê-la em termos humanos lança sobre ela um mistério que pode ser aceito, embora não se decifre, pela fé religiosa na palavra revelada.

Um dos grandes problemas suscitados pelo conceito de criação é o da existência do mal num mundo criado por Deus. Os mitos já se propunham a questão e, para explicá-la, lançavam mão do dualismo e do antagonismo. O pensamento cristão entende o mal como privação do bem, como limitação do ser finito.

Os filósofos e os teólogos são obrigados a tentar explicar outras questões, tais como a liberdade de Deus no ato da criação, sua contínua ação preservadora, que, entretanto, não invalida a ação humana, e o objetivo de Deus ao criar. Pode-se dizer, portanto, que o conceito de criação, como uma das possíveis explicações da origem do mundo, constitui um ponto central de referência na história do pensamento.

Veja também:
Mitos sobre a Origem do Mundo
Modelos de Mitos Cosmogônicos
Pensamento Filosófico e Religioso

     
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