Métodos da História


Ao concentrar seu estudo em um tempo e lugar concretos, assumindo uma perspectiva ou temática específica, o historiador não deve renunciar a uma visão ou conhecimento geral que lhe possa proporcionar um contexto suficientemente amplo, para que sua análise seja coerente e os fatos estudados se relacionem com seus antecedentes e posteriores, até mesmo os mais remotos. Contudo, a especialização é necessária para aprofundar o estudo histórico, que pode orientar-se segundo diversos métodos adaptados à pluralidade de aspectos e períodos.

História Política e Militar

Durante muito tempo, os fatos políticos e militares constituíram o principal objeto de interesse da história. Essa orientação centra-se na atuação e no crescimento dos estados e impérios e suas relações durante a paz e a guerra. Estuda também as lutas internas pelo domínio dentro de cada estado. Durante séculos, esse tipo de história baseou-se em ações bélicas e façanhas militares. Era uma narração de acontecimentos, estratégias e personagens destacados que absorviam o interesse do historiador. A história política moderna desmembrou-se em estudos setorizados: constitucional, das instituições e da administração estatal.

Método Marxista

Durante o século XIX os teóricos socialistas desenvolveram um tipo de história mais interessado pela população do que pelos indivíduos em si, e pelos modos de vida mais do que pelos feitos militares. Quem abriu um novo caminho para a pesquisa histórica, bem como para muitas outras disciplinas, foi o alemão Karl Marx. Inspirado pela dialética de Hegel, Marx elaborou uma concepção materialista da história baseada na contradição dos elementos da realidade social (tese e antítese) como meio para alcançar formas de síntese cada vez mais avançadas.

Na introdução a Zur Kritik der politischen Ökonomie (1859; Sobre a crítica da economia política), Marx formulou suas idéias, contrastadas com as do amigo e colaborador Friedrich Engels, sobre o estudo da economia em suas ligações com a sociedade. Afirmava que o indivíduo se vê imerso em uma série de relações de produção, que variam segundo o grau de desenvolvimento da sociedade. A estrutura econômica depende das características dessas relações de produção, que constituem a infra-estrutura de uma sociedade, sobre a qual se ergue a superestrutura (ideológica, política, jurídica etc.), que gera determinadas posições e consciências sociais. A cada modo de produção material corresponde, assim, um tipo de formação social (escravista, feudal, capitalista etc.). O conceito de "luta de classes" é basilar para a compreensão da teoria marxista, já que o desenvolvimento dos meios de produção e as relações entre os proprietários e os trabalhadores possibilitam estabelecer o processo de confronto dialético pelo qual a humanidade evolui para formas sociais e períodos históricos mais avançados. Segundo as leis da dialética, na sociedade capitalista a revolução proletária conduziria ao comunismo, síntese histórica em que se suprimiriam as distinções de classe e o estado, este entendido como organização coercitiva da classe dominante.

As idéias de Marx sobre o materialismo histórico não foram totalmente formuladas em Das Kapital (1867; O capital), obra de economia política que procurava fugir a esquematizações simplistas, perigo apontado e combatido por Engels em seus últimos anos de vida. Ao longo do século XX, a ortodoxia stalinista reduziu o materialismo histórico a uma fórmula de cinco etapas de desenvolvimento: o comunismo primitivo, o escravagismo antigo, o feudalismo, o capitalismo e o socialismo, fases necessárias na evolução de qualquer sociedade. Um novo período da historiografia marxista abriu-se após a segunda guerra mundial, quando se começou a superar a doutrina stalinista e passou-se a considerar outros aspectos até então deixados de lado.

Positivismo

Do último terço do século XIX às primeiras décadas do século XX predominou um tipo de estudo histórico baseado na filosofia política de Auguste Comte. Esse método foi elaborado a partir de uma comparação empírica de dados e de uma interpretação racional dos fatos, em que se abandonava toda questão teórica ou psicológica, mais difícil de objetivar, e se empregavam unicamente as fontes mais concretas dos documentos. Segundo os positivistas, a aplicação das ciências exatas possibilitaria o conhecimento das leis da história a partir da análise dos dados. Os historiadores positivistas trataram especialmente da história dos fatos políticos e ideológicos. Ocorreu um extraordinário florescimento da erudição e dos repertórios documentais, como os Monumenta germaniae historica (Monumentos históricos germânicos) ou a Colección de documentos inéditos para la historia de España. Nesse período realizou-se um importante trabalho filológico, com a decifração de hieróglifos, e desenvolveram-se os estudos sobre as ciências auxiliares e a interpretação de fontes.

A história positivista era, segundo Leopold von Ranke, uma exposição dos fatos tal como se produziram. Com o acúmulo de enormes quantidades de fatos que muitas vezes não eram interpretados, a história positivista ficou de certo modo limitada por seu próprio método e foi caindo progressivamente em desprestígio à medida que o século XX avançava. Métodos alternativos complementaram o chamado historicismo positivista com a introdução da interpretação e a adoção do princípio de que todos os aspectos da sociedade humana estavam sujeitos a mudanças e transformações.

Veja também:
A História como Ciência
Ciências Auxiliares da História
Classificação
Filosofia da História
Fontes Históricas
Interpretação Crítica das Fontes
Ramos da História

     
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