Historiografia


Historiografia é o estudo das obras históricas realizadas ao longo do tempo e em todas as culturas. Embora as tradições orais tenham subsistido em muitos casos, a historiografia concentra-se nas obras escritas com a intenção de apresentar uma informação sobre os fatos passados.

O texto histórico mais antigo que se conservou é a pedra de Palermo (cerca de 2500 a.C.), que registra as datas dos reinados dos faraós egípcios e seus feitos mais destacados. A historiografia hebraica, particularmente relevante, concentra-se nos livros do Antigo Testamento, redigidos em épocas diferentes, e mais tarde na obra de Flávio Josefo.

Antiguidade Clássica

Os primeiros escritores gregos compuseram poemas épicos; redigiram-se depois genealogias em verso e, com as conquistas e expedições colonizadoras, muitos viajantes começaram a expressar por escrito suas experiências no contato com outros lugares e culturas. Heródoto foi o primeiro historiador cuja obra sobreviveu. Embora os historiadores e geógrafos gregos não tivessem uma idéia clara do progresso de sua própria cultura no tempo, deram à história um sentido universalista, ao estender o âmbito de sua observação a diferentes culturas. Tentaram desse modo criar uma história abrangente e geral, distinta da tradição oriental, mais antiga porém mais limitada localmente. De outro lado, procuraram desligar a lenda do fato histórico, como fez Tucídides, que se esforçou em buscar as causas dos acontecimentos para tentar extrair deles lições práticas. A primeira história geral do mundo helênico foi escrita por Éforo. Em Anábasis (Volta), Xenofonte relatou em minúcias a célebre expedição grega dos 12.000 em território persa. Políbio, autor de uma história com perspectiva universal, foi considerado o último dos grandes historiadores gregos. Diodoro da Sicília redigiu biografias comparadas que prenunciavam as Vidas paralelas de Plutarco, de grande influência na Europa, que apresenta uma visão moralizante da história, semelhante às de Tito Lívio e Tácito.

Os primeiros registros históricos dos romanos limitaram-se à compilação de anais. Em períodos posteriores destacaram-se a obra de Júlio César, como modelo de história militar, e a de Salústio, por sua imparcialidade e documentação, embora com inexatidões. Tito Lívio, Tácito e Suetônio deram testemunho da qualidade moral e do gosto pelas biografias exemplares, de realces psicológicos, que tiveram grande influência no Renascimento.

Cristianismo e Idade Média

O cristianismo sentiu necessidade de apresentar argumentos em defesa da fé e de fixar por escrito os dogmas. Adotando o Antigo Testamento como relato histórico fundamental, os primeiros cristãos explicavam o passado e deduziam os desígnios divinos como origem e motor dos acontecimentos. Elaboraram também uma cronologia e, nos Atos dos Apóstolos, Lucas tentou fazer um relato histórico sobre os primeiros seguidores de Jesus Cristo. Na Crônica, Eusébio de Cesaréia escreveu uma história de caráter geral que serviu de modelo durante a Idade Média, como mostra, por exemplo, a Grande e general estoria de Afonso X o Sábio, rei de Castela e Leão. Em De civitate Dei (A cidade de Deus), santo Agostinho escreveu o que já se pode considerar uma filosofia cristã da história.

A historiografia medieval teve três correntes principais: a cristã ocidental, a bizantina e a muçulmana. Na primeira, além dos já mencionados, convém recordar a história profana das crônicas ligadas aos feitos de um monarca ou de uma dinastia. Os historiadores bizantinos aliaram a tradição grega à cristã. Entre eles, destacaram-se Prisco, Procópio, Nicetas e outros. De sua parte, o historiador muçulmano Ibn Khaldun procurou pesquisar as causas do nascimento das culturas, segundo uma concepção cientificista ausente nas crônicas cristãs.

Veja também:
Historiografia Moderna
Historiografia no Brasil

     
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