Filosofia da História


Com relação ao historicismo positivista surgiu uma tendência crítica desenvolvida principalmente por filósofos. Essa tendência adotou duas orientações, a primeira derivada das posições de Arthur Schopenhauer e, sobretudo, de Friedrich Nietzsche; a segunda, de tradição kantiana, foi desenvolvida por Wilhelm Dilthey, Heinrich Rickert e Max Weber.

A primeira opunha-se à tradição positivista criticando a esterilidade do puro acúmulo de dados eruditos, que considerava fase preparatória para um estudo interpretativo e de significados: o que para Nietzsche era uma "história monumental" crítica e arqueológica. Segundo ele, a história proporciona exemplos: julga o passado e situa o presente no decorrer histórico. A história é, portanto, um diálogo entre o passado e o presente. Ficava implícita uma distinção evidente em categorias: a história menos interessante era a dos meros colecionadores de dados, e a superior era a dos que os interpretam e lhes fornecem conteúdo. Para Nietzsche, a reconstrução do passado não era um fim em si mesmo, mas possuía um propósito: enriquecer o espírito mediante a lição da história.

A tendência kantiana, por sua parte, buscou superar a dualidade que a posição anterior promovia, ao considerar a história uma integração daqueles dois processos: o da informação pura e o dos conteúdos. Para seus seguidores, é a razão que elabora o conhecimento histórico dos fatos nas sociedades humanas. Nessa tendência era fundamental o conceito de "valor"; chegou-se a afirmar que os acontecimentos que sobreviveram na consciência histórica são os que têm relação com os valores em que acreditaram seus protagonistas e em que acreditam os observadores posteriores. Rickert aludia aos valores estabelecidos: o estado, o direito, a religião etc., como esquemas básicos do processo histórico. Max Weber destacou o relativismo da história, afirmando que os homens resgatam do passado aquilo que de algum modo lhes interessa em seu presente. Ou seja, cada sociedade tem sua história, e esta se reescreve continuamente segundo as transformações e os questionamentos dessa sociedade. Desse modo, o interesse pelo passado reorienta-se sempre segundo as mudanças experimentadas no presente. O passado não fica, assim, fixado definitivamente.

Outras tendências de caráter filosófico tiveram seu correlato nos estudos históricos, como a fenomenologia, o estruturalismo de Claude Lévi-Strauss, a concepção ético-política da história de Benedetto Croce, a história cultural de Ernst Cassirer ou, na Espanha, a posição de José Ortega y Gasset em seu livro Historia como sistema (1941), em que concebe a história como uma cadeia de fatos consecutivos que respondem a uma "razão histórica".

Veja também:
A História como Ciência
Ciências Auxiliares da História
Classificação
Fontes Históricas
Interpretação Crítica das Fontes
Métodos da História
Ramos da História

     
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