Esoterismo Esoterismo é o conjunto dos princípios de uma doutrina esotérica. A definição dos termos esotérico e exotérico é polêmica. Para uns, o primeiro se refere às ciências filosóficas transmitidas oralmente, restritas ao ensino interno de uma escola; e o segundo, às transmitidas por escrito, destinadas ao público. Para outros, esotérico refere-se ao saber secreto, oculto, transmissível progressivamente, em conjunto com certas práticas rituais, e em sincronia com uma mudança de consciência. E exotérico, o saber vulgar, pouco profundo em relação à verdadeira natureza do real, transmissível por meio da palavra escrita. Nessa acepção, o esoterismo é um conjunto coerente e bem estruturado de ensinamentos secretos, de verdades fundamentais, que se mantêm as mesmas ao longo de sucessivas adaptações históricas e que se transmitem, de idade em idade, por cadeias de mestres e discípulos. Trata-se de uma metafísica tradicional, una e universal, que não se apresenta como exposição sistemática e exige que o discípulo, no decorrer do processo de iniciação, procure, pela meditação dos símbolos postos em ação pelo ritual, a philosophia perennis que ela encerra, sempre idêntica ao longo das diversas épocas. Na modernidade, sobretudo nos séculos XIX e XX, a dispersão de fragmentos do conhecimento esotérico e a proliferação de seitas pretensamente iniciáticas, lançaram uma grande confusão de termos, e o esoterismo passou a ser confundido com outros conhecimentos, conceitos ou práticas, como hermetismo, ocultismo, magia, religião, misticismo, espiritismo, cabala etc. O hermetismo refere-se a um conjunto de escritos, o corpus hermeticus, atribuído ao deus egípcio Thot, que se supunha equivaler ao deus grego Hermes Trismegisto (três vezes grande). Outra identificação freqüente e equivocada é com o ocultismo, crença de base materialista, que tende à realização de práticas de tipo mágico com objetivos práticos e materiais, sem preocupações metafísicas. O mesmo se poderia dizer da magia e da bruxaria. Existe também uma distinção radical entre o esoterismo e o misticismo, embora ambos se baseiem em princípios espirituais. Na experiência mística, o divino "desce" ao homem, enquanto no processo esotérico toda iniciativa advém do esforço do homem. O místico é, portanto, passivo, e o iniciado, ativo. As experiências químicas pré-científicas, denominadas conjuntamente de alquimia, procuravam descobrir o princípio da transformação dos metais. Com a posterior implantação do método científico, a alquimia afastou-se da química e dedicou-se a interpretações filosóficas, ligadas à astrologia e à magia, e talvez por essa feição, foi confundida com o esoterismo. No século XX, o esoterismo autêntico teve modernamente seus princípios e campo de aplicação codificados pelo pensador francês René Guénon e seus discípulos. Para eles, o esoterismo doutrinal considera a sociedade contemporânea radicalmente aberrante em relação às normas tradicionais que devem regular a convivência. A civilização ocidental moderna se caracteriza pela destruição dos elementos espirituais autênticos, pela crescente materialização e por um afastamento cada vez maior do princípio essencial do universo. O conhecimento esotérico autêntico, em face desse estado de coisas, estaria adstrito e salvaguardado pelas fraternidades secretas e pelo fundamento esotérico das grandes religiões tradicionais da humanidade -- judaísmo, catolicismo, islamismo, hinduísmo e budismo. |
|